PRÓLOGO
Ela se curvou na escuridão, gemendo de dor. Esperara tempo demais. Ela o alertara, mas ele fingira não acreditar em suas “mentiras”. E , naquele instante, na travessa suja e isolada, sem ter para onde ir, sem tempo para ir a lugar algum, tinha que decidir.
Sentiu outra pontada de dor e gritou involuntariamente. Levou a mão à boca e olhou para trás. Àquela altura, ele já descobrira sua fuga e estaria atrás dela. Se tivesse ouvido o grito...
Endireitou o corpo, pegou a bolsa e cambaleou. Sentia o coração batendo forte. A pressão no cérebro impedia o raciocínio. Correu alguns passos e dobrou-se novamente com a dor. “Oh, por favor, aqui não!” Por favor, por favor, não numa travessa suja, como um animal, onde seria encontrada sem poder defender-se, deixando o bebê à mercê dele.
Ele não teria piedade. A dor diminuiu e ela continuou correndo, chorando e rezando.
- Ya Allah! Perdoe-me, proteja-me.
De repente, como que em resposta, percebeu um espaço mais escuro nas sombras. Seguiu para o local sem questionar e viu-se numa passagem mais estreita. A escuridão era mais intensa ali, e precisou de um tempo para adaptar a visão ao ambiente.
Havia uma fileira de vãos de cada lado da faixa estreita de calçada. Então, percebeu o que a levara ali, o que o subconsciente, ou seu anjo da guarda, já vira: uma porta entreaberta. Mordiscou o lábio. Haveria alguém dentro, um fugitivo, como ela mesma? Mas outra onda de dor quase a deixou de joelhos. Ao dobrar-se, abafando o grito, ouviu um chamado. Parecia distante, mas ela temia mais o que a perseguia do que o que poderia encontrar adiante.
soluçando de dor e medo, cambaleou até a porta e entrou.
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