sábado, 29 de setembro de 2012

 Uma Prova de Amor



CAPITULO I 

O cassino da ponta de Santo Augusto ficava no alto do promontório, bem por cima das rochas pontiagudas que tinham dado à ponta sua fama de perigosa. O fato de que atualmente havia muito pouca probabilidade de que algum barco soçobrasse naqueles rochedos não tinha feito desaparecer sua aparência misteriosa e enganadora, e o cassino era um local muito popular entre os turistas que procuravam Nassau, a apenas algumas milhas de distância. Junto ao cassino havia um restaurante que parecia ter sido construído exatamente acima do precipício e era fácil imaginar um perdedor tentando acabar com a vida, saltando por cima das grades do terraço. Muitas pessoas vinham jogar todas as noites e, apesar de haver muitos perdedores, eram sempre os que ganhavam que atraíam todas as atenções. 
Raquel estava sentada sozinha em uma das mesas do restaurante, perto da escadaria que descia até o cassino, no pavimento inferior. Dali podia avistar toda a área onde as pessoas jogavam e seus olhos fitavam com um certo cinismo a mulher coberta de jóias que se gabava de sua sorte para todos os que estavam perto. Era óbvio que havia ganho, mas tamanha excitação parecia desnecessária, já que era tão claro que ela não precisava do dinheiro. 
Raquel desviou os olhos da multidão barulhenta e ficou concentrada estudando o líquido âmbar de seu copo. Será que essa jogadora rica despertaria a atenção da direção do cassino? Abriu a bolsa, tirou uma cigarreira e colocou um cigarro entre os lábios. Antes que tivesse tempo de acendê-lo um garçom antecipou-lhe o gesto prontamente. Raquel agradeceu com um leve sorriso, contente ao ver que não era o rapaz que a incomodara um pouco antes. Ficar sentada sozinha em um lugar como esse era um convite a complicações, mas durante os 
três últimos dias estivera em lugares bem piores do que este, a fim de atingir seu objetivo. 
Olhou ao redor. Por todos os lados era evidente o poder do dinheiro, e deprimente o modo como era gasto. E ali estava ela dentro de um enorme cassino, sem participar, embora jogando a maior cartada de sua vida. Tragou profundamente o cigarro. Ele tem que aparecer esta noite, pensou preocupada. Seu dinheiro estava no fim e ela não poderia ou melhor não deveria voltar para a Inglaterra sem ao menos tê-lo visto. O que diria a seu pai se isso acontecesse? Será que pensaria que ela deliberadamente tinha posto o plano a perder? O que faria em seu lugar? Segurou o queixo com uma das mãos e com a outra desenhou círculos imaginários sobre a superfície polida da mesa. Será que ele teria agido pior?

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 Uma Prova de Amor



CAPITULO I 

O cassino da ponta de Santo Augusto ficava no alto do promontório, bem por cima das rochas pontiagudas que tinham dado à ponta sua fama de perigosa. O fato de que atualmente havia muito pouca probabilidade de que algum barco soçobrasse naqueles rochedos não tinha feito desaparecer sua aparência misteriosa e enganadora, e o cassino era um local muito popular entre os turistas que procuravam Nassau, a apenas algumas milhas de distância. Junto ao cassino havia um restaurante que parecia ter sido construído exatamente acima do precipício e era fácil imaginar um perdedor tentando acabar com a vida, saltando por cima das grades do terraço. Muitas pessoas vinham jogar todas as noites e, apesar de haver muitos perdedores, eram sempre os que ganhavam que atraíam todas as atenções. 
Raquel estava sentada sozinha em uma das mesas do restaurante, perto da escadaria que descia até o cassino, no pavimento inferior. Dali podia avistar toda a área onde as pessoas jogavam e seus olhos fitavam com um certo cinismo a mulher coberta de jóias que se gabava de sua sorte para todos os que estavam perto. Era óbvio que havia ganho, mas tamanha excitação parecia desnecessária, já que era tão claro que ela não precisava do dinheiro. 
Raquel desviou os olhos da multidão barulhenta e ficou concentrada estudando o líquido âmbar de seu copo. Será que essa jogadora rica despertaria a atenção da direção do cassino? Abriu a bolsa, tirou uma cigarreira e colocou um cigarro entre os lábios. Antes que tivesse tempo de acendê-lo um garçom antecipou-lhe o gesto prontamente. Raquel agradeceu com um leve sorriso, contente ao ver que não era o rapaz que a incomodara um pouco antes. Ficar sentada sozinha em um lugar como esse era um convite a complicações, mas durante os 
três últimos dias estivera em lugares bem piores do que este, a fim de atingir seu objetivo. 
Olhou ao redor. Por todos os lados era evidente o poder do dinheiro, e deprimente o modo como era gasto. E ali estava ela dentro de um enorme cassino, sem participar, embora jogando a maior cartada de sua vida. Tragou profundamente o cigarro. Ele tem que aparecer esta noite, pensou preocupada. Seu dinheiro estava no fim e ela não poderia ou melhor não deveria voltar para a Inglaterra sem ao menos tê-lo visto. O que diria a seu pai se isso acontecesse? Será que pensaria que ela deliberadamente tinha posto o plano a perder? O que faria em seu lugar? Segurou o queixo com uma das mãos e com a outra desenhou círculos imaginários sobre a superfície polida da mesa. Será que ele teria agido pior?

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