sábado, 29 de setembro de 2012

Uma Estranha Relação 



Capítulo 1 
Isobel não tinha muita certeza sobre quando se apercebera ter cometido um erro. 
Claro que ao princípio tivera algumas dúvidas mas colocara-as de parte. Abandonar o seu apartamento no conhecido bairro de Earl’s Court para se mudar para as terras altas da Escócia era uma completa mudança, ainda que o fizera através do convite de uma amiga, tendo emprego à sua espera e uma casa muito cómoda. 
No início, a sua filha pensara que ela estava louca mas a atitude de Cory serviu apenas para convencê-la que estava a fazer o correcto. Qualquer coisa que pudesse afastar a filha, de treze anos, das más influências do grupo da escola que frequentava era bom. 
No entanto, Isobel enfrentou a ideia da mudança com algum medo. E mais, desde a morte de Edward, que fora sempre ela quem enfrentara todos os problemas da mesma maneira. Durante muito tempo, ele sempre insistira em tomar todas as decisões e, agora, ao abandonar a única casa que a filha conhecera era um autêntico desafio. 
Mas ninguém esperara que Edward pudesse morrer. Aos quarenta e cinco anos ainda tinha muita vida pela frente ou, pelo menos, Isobel pensara que sim. Quando mencionou, pela primeira vez, a possibilidade de se mudar para a Escócia com a filha, a sogra declarou que era uma pena que não tivesse
sido a nora quem morrera no acidente de aviação que vitimara Edward. Sim, porque ele ainda tinha muito que fazer na vida e ela nem sequer tentara partilhar o destino do marido. 
Isobel teve de reconhecer, em silêncio, que isso era verdade. Sempre se negara a aceitar a religião judia e essa fora a causa de muitas das discussões entre o casal. Ela sempre apoiara todos os seus projectos e, pessoalmente, tinha muitos amigos judeus mas mantinha demasiadas dúvidas para se atrever a tomar a decisão fundamental. 
Além disso, considerava que nenhuma religião podia ser mais importante que os sentimentos humanos. Passara a infância a viajar com o pai, de uma parte do mundo a outra, e ele sempre dissera que a fé em si próprio é muito mais importante que a fé em alguns deuses míticos. 
Edward, por seu lado, tinha pontos de vista muito diferentes apesar de que quando se casaram lhe ter assegurado que jamais a obrigaria a fazer o que quer que fosse. No entanto, após catorze anos e muitas discussões, Isobel teve de aceitar que o marido quebrara várias promessas. 
E essa era a principal causa de se dar tão mal com a sogra. A senhora Jacobs nunca quisera que o seu filho se casasse. Sentia-se muito feliz em cuidar dele, em facilitar-lhe a vida. Uma órfã, que não aceitava a morte do pai, não estava nos seus planos. Agora que pensava nisso, tal como o fizera desde a morte de Edward, teve que reconhecer que talvez a senhora Jacobs tivesse alguma razão. Talvez ele fosse demasiado velho para si. Talvez ela tivesse confundido

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Uma Estranha Relação 



Capítulo 1 
Isobel não tinha muita certeza sobre quando se apercebera ter cometido um erro. 
Claro que ao princípio tivera algumas dúvidas mas colocara-as de parte. Abandonar o seu apartamento no conhecido bairro de Earl’s Court para se mudar para as terras altas da Escócia era uma completa mudança, ainda que o fizera através do convite de uma amiga, tendo emprego à sua espera e uma casa muito cómoda. 
No início, a sua filha pensara que ela estava louca mas a atitude de Cory serviu apenas para convencê-la que estava a fazer o correcto. Qualquer coisa que pudesse afastar a filha, de treze anos, das más influências do grupo da escola que frequentava era bom. 
No entanto, Isobel enfrentou a ideia da mudança com algum medo. E mais, desde a morte de Edward, que fora sempre ela quem enfrentara todos os problemas da mesma maneira. Durante muito tempo, ele sempre insistira em tomar todas as decisões e, agora, ao abandonar a única casa que a filha conhecera era um autêntico desafio. 
Mas ninguém esperara que Edward pudesse morrer. Aos quarenta e cinco anos ainda tinha muita vida pela frente ou, pelo menos, Isobel pensara que sim. Quando mencionou, pela primeira vez, a possibilidade de se mudar para a Escócia com a filha, a sogra declarou que era uma pena que não tivesse
sido a nora quem morrera no acidente de aviação que vitimara Edward. Sim, porque ele ainda tinha muito que fazer na vida e ela nem sequer tentara partilhar o destino do marido. 
Isobel teve de reconhecer, em silêncio, que isso era verdade. Sempre se negara a aceitar a religião judia e essa fora a causa de muitas das discussões entre o casal. Ela sempre apoiara todos os seus projectos e, pessoalmente, tinha muitos amigos judeus mas mantinha demasiadas dúvidas para se atrever a tomar a decisão fundamental. 
Além disso, considerava que nenhuma religião podia ser mais importante que os sentimentos humanos. Passara a infância a viajar com o pai, de uma parte do mundo a outra, e ele sempre dissera que a fé em si próprio é muito mais importante que a fé em alguns deuses míticos. 
Edward, por seu lado, tinha pontos de vista muito diferentes apesar de que quando se casaram lhe ter assegurado que jamais a obrigaria a fazer o que quer que fosse. No entanto, após catorze anos e muitas discussões, Isobel teve de aceitar que o marido quebrara várias promessas. 
E essa era a principal causa de se dar tão mal com a sogra. A senhora Jacobs nunca quisera que o seu filho se casasse. Sentia-se muito feliz em cuidar dele, em facilitar-lhe a vida. Uma órfã, que não aceitava a morte do pai, não estava nos seus planos. Agora que pensava nisso, tal como o fizera desde a morte de Edward, teve que reconhecer que talvez a senhora Jacobs tivesse alguma razão. Talvez ele fosse demasiado velho para si. Talvez ela tivesse confundido

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